domingo, 6 de novembro de 2011

Deus não oferece frutos, só sementes



Um casal de velhinhos caipiras observa a noite do sobrado do sítio, sentando cada um numa cadeira de balanço rangendo...
A velhinha comenta:

“Amanhã nóis faiz cinqüenta anos de casados, né meu véi?”.
E a cadeira rangendo...
O velho responde:
“É... Pois é, minha véia. É mesmo.”
A velhinha insiste:
“Cinqüenta anos não é cinqüenta dias não, né meu véi?”
O velho confirma:
“É... Pois é, minha véia. Não é mesmo não”.
E a cadeira rangendo...
A velhinha sugere, enfim:
“Nóis podía matar um porco no almoço amanhã, né meu véi?”
O velho, após minutos de reflexão responde:
“Pra que a gente vai castigar o porco por causa disso?”
                Dizem que casamento é como fortaleza sitiada. Quem está fora quer entrar, quem está dentro quer sair. Mas não há relacionamento mais enriquecedor e valioso do que o relacionamento conjugal. É claro que, como tudo na vida, é preciso cultivá-lo, ajudá-lo a desenvolver-se. Caso contrário enfraquece e morre.
                Recebi um calendário — desses que possuem os meses numerados de um lado e uma gravura ou mensagem publicitária do outro. O calendário presenteado traz, no verso, uma reflexão intitulada “Loja de Deus”. Ei-la:
                 “Caminhando pela rua vi uma loja que se chamava Loja de Deus. Entrei e encontrei um anjo no balcão. Perguntei: ‘Anjo, o que vendes?’ E o anjo respondeu: ‘Todos os dons de Deus’. Quis saber o preço, ao que ele replicou: ‘Tudo é de graça’. Vi, então, jarros e vidros diversos contendo amor, alegria, fé, esperança, sabedoria e outros dons divinos. Disse-lhe que desejava comprar todos e ele os arrumou num pequenino pacote. Sem entender, indaguei: ‘Como é possível tantos dons caberem num pacote tão pequeno?’ E o anjo explicou, sorrindo: ‘Acontece que na loja de Deus não oferecemos frutos, só sementes”.
                É bastante sugestivo que tal texto esteja registrado justamente no verso de um calendário, onde contamos os dias que passam. É muito importante que recordemos sempre o desafio lançado a nós de, a cada dia, cultivar as virtudes e os dons. Cristo chegou a contar uma parábola na qual alertava os seus discípulos acerca do perigo que há em enterrar os dons ao invés de usá-los.
                Amor, alegria, fé, esperança, sabedoria são virtudes para serem cultivadas e regadas.
Diariamente, a cada nova etapa, a cada novo momento, a cada nova manhã. Se houver descuido ou negligência, murcham, secam e morrem.
                Alguém já me contou que, ao voltar à sua sala de trabalho após as férias, deparou-se com uma planta abandonada, esquecida num canto. Foi só voltar a cuidar dela que a planta reviveu, encheu-se de vigor, ficou renovada.
                A vida é assim. Feita mais de sementes do que de frutos. Colher é bom. Mas é necessário que, antes, aprendamos a semear e cuidar.
                A vida a dois precisa desse cultivo também. Ou acabaremos achando que não vale a pena matar um porco para comemorar.
Que tenham um domingo abençoado!
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